TEA

O Diagnóstico Tardio em Autismo

O Diagnóstico Tardio em Autismo

Cada vez mais, nos deparamos com pessoas na fase adulta buscando por uma investigação de um possível transtorno do espectro autista.

Geralmente esse é um diagnóstico realizado durante a infância, momento este primordial para realizar o tratamento visando a melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas. É importante frisar que quanto mais cedo for o diagnóstico, melhores são as provisões em relação ao desenvolvimento da pessoa. Compreender o transtorno desde cedo permite que as famílias e os profissionais de saúde implementem estratégias de suporte e tratamentos específicos adaptados às necessidades individuais de cada indivíduo, sendo estes, geralmente realizada por uma equipe multidisciplinar.

O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, o que quer dizer que ele é uma variação do funcionamento típico do cérebro, sendo caracterizado principalmente por déficits persistentes na comunicação, sociabilidade e na interação social, além de presença de comportamentos, interesses e atividades restritas e repetitivas, que podem estar presentes em menor ou maior intensidade.

Existem diferentes níveis de gravidade do TEA sendo do nível leve, onde a pessoa necessita de pouco apoio para se desenvolver, muitas vezes sendo considerada apenas uma criança tímida e reservada, até uma pessoa que possui o nível grave de comprometimento do transtorno, necessitando realizar atividades de vida diária com auxílio. Sendo eles:

Nível 1 (Leve) – existe uma dificuldade para a interação social, porém sutil, além de dificuldades para troca de atividades e problema de organização.

Nível 2 (Moderado) – a dificuldade para a socialização é maior. Há também uma resistência a lidar com mudanças além de comportamentos repetitivos. Exige apoio moderado.

Nível 3 (Grave) – Há um déficit de comunicação verbal e não verbal de forma mais clara. A pessoa também possui dificuldade em abrir-se para interações sociais que partam de outras pessoas, possui muita dificuldade com as mudanças, além de comportamentos repetitivos constantes, necessitando de muito apoio.

Mas por que o diagnóstico ocorre tardiamente?

Porque além da falta de informação a respeito do transtorno, existem comportamentos impostos pela nossa sociedade e aprendido pelo indivíduo, que acabam mascarando as características do autismo, a fim de aumentar as chances de aceitação em um grupo de pessoas, ou seja, ela consegue ir se desenvolvendo e lidando com as dificuldades do dia a dia, vencendo as barreiras de sua limitação, ou seja, é aquela pessoa quietinha, que prefere ficar sozinha, realizar seus trabalhos de forma individual, mesmo que lhe seja solicitado que faça em grupo. Aquela pessoa de poucos ou nenhum amigo e que aos olhos da sociedade, é uma pessoa tímida e reservada. Ela até consegue interagir com outras pessoas, porém de forma virtual e por estar interagindo, ninguém percebe os sinais.

Geralmente adultos com esse perfil podem ser altamente funcionais e possuir boa capacidade para se adaptar a diferentes situações, o que acaba dificultando o diagnóstico, porque na infância, geralmente a família e a escola não percebem como uma dificuldade relevante para investigação.

No entanto, a partir do momento que esta pessoa entra para o mercado de trabalho e passa a manter contatos mais frequentes com outras pessoas, necessitando participar de reuniões, tomar decisões, organizar eventos ou estar em constante contato com clientes e colegas de trabalho, ela passa a enfrentar um sofrimento extremamente grande, podendo levá-las a um esgotamento mental e emocional, e até a um Burnout. São pessoas que quando chegam em casa, podem preferir ficar sozinho dentro do seu quarto, sem manter contato nem ao menos com seus familiares, por estar muito sobrecarregado emocionalmente.

A busca por um autoconhecimento, acaba sendo cada vez mais constante para os adultos, para que possa trazer Alívio a seu sofrimento, porque acaba se considerando diferente dos demais, sentindo-se deslocado e muitas vezes rotulado como esquisito. O que para muitas pessoas é feito de forma natural como trabalhar ou se relacionar, para o autista é algo exaustivo e demanda um grande esforço.

Como é feito o diagnóstico do autismo

O diagnóstico do transtorno do espectro autista é essencialmente clínico e incluem uma avaliação com um médico psiquiatra ou neurologista, sendo muitas vezes necessária uma avaliação neuropsicológica com psicólogo especializado.

Não é raro que o autismo venha acompanhado de outras condições, as chamadas comorbidades. Os prejuízos provocados pela dificuldade de socialização e a autopercepção negativa podem desencadear transtorno de ansiedade e depressão, além de poder estar associado ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

O diagnóstico mesmo que tardio, aliado a terapia, é fundamental para o auto conhecimento e desenvolvimento do autista.

 

Cibele Divo Branco

Psicóloga – CRP: 09/4653

Especialista de Neuropsicologia

Assine nossa
newsletter