Saúde do corpo

Saúde Integral: a comunicação entre físico e emocional

Saúde Integral: a comunicação entre físico e emocional

Não são poucas às vezes que quando se fala em saúde, é pensado prioritariamente ou exclusivamente na saúde do corpo físico, relevando o papel que nosso emocional desempenha nessa “omeostase“.

Estudos científicos há anos vêm demonstrando que nossa saúde física e emocional estão intimamente interligadas. Estresse crônico pode desencadear uma série de incômodos físicos, como dores de cabeça, problemas digestivos e enfraquecimento do sistema imunológico. Da mesma forma, condições médicas, como doenças cardíacas, oncológicas ou diabetes, podem afetar significativamente a forma como nos sentimos, levando-nos a percorrer por caminhos que atravessam emoções difíceis (como tristeza, frustração, medo, raiva).

Trago aqui uma breve explicação de como essa conexão pode acontecer, principalmente em doenças crônicas: quando passando por relações difíceis e conflituosas, podemos acionar o estresse em nosso corpo. Ao nos sentirmos machucados emocionalmente de forma repetitiva ou lidamos com problemas difíceis de resolver, nosso corpo pode liberar substâncias que danificam nossos tecidos. Um exemplo são as citocinas, que quebram proteínas para liberar energia para enfrentar o estresse. Se isso acontece com frequência ao longo dos anos, pode causar danos permanentes aos músculos e às células nervosas. Além disso, o estresse crônico pode enfraquecer nosso sistema imunológico, tornando-nos mais vulneráveis a doenças. A dor em si também pode causar estresse, criando um ciclo doloroso e irritadiço.

Portanto, é importante entender que a dor física e emocional estão interligadas. Quando atendemos alguém com dor crônica, é essencial considerar tanto aspectos psicológicos quanto os processos fisiológicos. Ignorar a dor física de alguém e atribuí-la apenas a transtornos mentais pode desvalorizar nossa experiência e ignorar o impacto do estresse no corpo.

Ao compreendermos essas conexões, enquanto psicólogas(os), podemos oferecer intervenções que abordem tanto os aspectos físicos quanto emocionais da saúde. Além de compreender que algumas condições clínicas podem estar ligadas com determinados padrões de personalidades. Há estudos que descreve uma quantidade significativa de pessoas com doenças crônicas como pessoas perfeccionistas e pouco flexíveis. Isso não significa que toda pessoa com uma doença crônica tem esses padrões comportamentais, mas que existe aí a possibilidade de uma interligação importante de ser observada – tanto na perspectiva emocional quanta na física.

Promover uma saúde integral envolve cuidar tanto do corpo quanto do sofrimento subjetivo. Você deve está cansado(a) de ver essas dicas por aí, mas lembre que é muito importante começarmos e mantermos o básico, como:

  • Praticar exercícios regularmente: atividade física não só fortalece o corpo, mas também libera endorfinas, neurotransmissores que nos deixam de bom humor e reduzem o estresse
  • Alimente-se bem: uma dieta balanceada é essencial para fornecer os nutrientes necessários para uma vivência saudável entre corpo-mente.
  • Priorize o autocuidado: reserve um tempo para relaxar e fazer coisas que prazerosas, que fazem você sentir que a vida vale a pena de ser vivida.

Ao reconhecermos a interconexão entre corpo e mente, podemos adotar uma perspectiva multidirecional para a saúde, promovendo não só a ausência de doenças, mas o bem-estar em sua totalidade.

Referências:
– Segerstrom, S. C., & Miller, G. E. (2004). Psychological stress and the human immune system: A meta-analytic study of 30 years of inquiry. Psychological Bulletin, 130(4), 601–630.
– Hofmann, S. G., Asnaani, A., Vonk, I. J., Sawyer, A. T., & Fang, A. (2012). The Efficacy of Cognitive Behavioral Therapy: A Review of Meta-analyses. Cognitive Therapy and Research, 36(5), 427–440.
– Silva, D. S., Rocha, E. P., & Vandenberghe, L. (2010). Tratamento psicológico em grupo para dor crônica. Temas em Psicologia, 18(2), 335-343.

 

Psicóloga: Victória Novais Barros

CRP: 09/17648

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