Prevenção do Suicídio no Ambiente de Trabalho

Prevenção do Suicídio no Ambiente de Trabalho

Como muito se fala, o trabalho ocupa um papel fundamental na vida das pessoas, contudo, o que não se percebe de imediato é que este trabalho vai muito além da relação salarial. O trabalhador se insere no meio social e geralmente constrói novos vínculos com as pessoas com quem interage neste meio. Sendo assim, o indivíduo tem a oportunidade de obter em seu trabalho excelentes realizações pessoais e prazer, todavia, também pode se deparar com o sofrimento e até mesmo com a morte.

Um ambiente de trabalho negativo pode ser o gatilho para se desenvolver algum transtorno psíquico e isso, de acordo com a OMS, aumenta a possibilidade de suicídio visto que mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a distúrbios psicológicos, sendo a depressão o mais comum deles, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Além disso, é importante ressaltar que, segundo o Ministério da Saúde, muitos transtornos são decorrentes de situações encontradas no próprio âmbito profissional.

Seria o caso, por exemplo, de falta de estrutura de trabalho, falta de reconhecimento profissional, assédio moral, remuneração incompatível com o cargo, excesso de tarefas, falta de espaço para ser ouvido, acidentes com sequelas, etc.; Sendo assim, os empregadores devem criar meios de fomentar a motivação em seus profissionais utilizando-se de ferramentas que promovam a escuta e possível mudança no comportamento, cultura e valores da organização de forma que o trabalhador tenha um ambiente de trabalho mais saudável em toda a sua estrutura (física, psicológica e social), tornando-se possível a redução significativa na intercorrência de transtornos psíquicos advindos deste meio.

Sendo assim, é possível e necessário que as empresas adotem medidas de prevenção ao suicídio com ações de promoção do bem-estar, senso de pertencimento, respeito à diversidade, apoio para as minorias e pessoas em processos de sofrimento, educação voltada ao reconhecimento de problemas de saúde mental e risco ao suicídio, consciência do impacto da prevenção de mortes por suicídio e, ainda, ter preparação sistemática para responder diante de casos de atentado à própria vida.

Independente da ação do empregador, é importante que cada profissional saiba identificar quais são os sintomas que qualquer de seus colegas possam apresentar que denotem provável transtorno e/ou intenção de suicídio e, com isso, tomar as melhores medidas para impedir este extremo.

Para reconhecer pessoas com pensamentos suicidas no ambiente de trabalho é importante observar:

  • Mudanças drásticas de humor sem motivos aparentes ou mudanças muito bruscas;
  • Comportamentos que denotam sofrimento intenso, choro por qualquer motivo ou sem motivo aparente;
  • Avisos escritos ou verbais de frases como “nada mais faz sentido”, “eu prefiro morrer”, “queria nem existir”;
  • Comportamentos autodestrutivos como abuso de substâncias (lícitas ou não) dentro ou fora do ambiente de trabalho;
  • Surgimento de notícias impactantes ou traumáticas para o sujeito como a perda de um familiar ou qualquer fato que represente grande impacto em sua vida e que possa causar grande dor emocional;

Todos esses sintomas podem representar, inconscientemente, um pedido de socorro realizado pelo indivíduo que está passando por algum problema emocional ou quadro de depressão. Além desses sintomas, é comum observar também a mudança repentina de conduta com aparente melhora do sofrimento anterior, porém, esta pode ser uma forma de distração criada pelo próprio trabalhador para mascarar o planejamento de um suicídio.

Ao perceber que alguém expressa qualquer um desses sintomas, é necessário estabelecer conexão emocional imediata com a pessoa para que ela saiba que pode ter apoio, procurar rapidamente a área de recursos humanos, assistência social ou gestão da empresa para obter mais recursos e ter o direcionamento adequado.

É muito importante que este indivíduo se sinta acolhido e perceba a sua importância para os demais, porém, além deste acolhimento inicial, é extremamente necessário acompanhamento adequado com profissionais da psicologia e/ou psiquiatria, de acordo com cada situação.

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Autor:

ÁQUILA PEREIRA ALVES MARTINS | Psicólogo – CRP 09/10005

Profissional graduado em Psicologia pela UNIP-GO. É especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela UCDB-MS e pós-graduando em Gestão de Pessoas e Negócios pela UBMG. Há três anos atua com ênfase em atendimento clínico na Abordagem Sistêmica em atendimento clínico com atendimento a adolescentes, adultos e casais (presencialmente ou em modalidade online), além de realização de avaliação psicológica, orientação vocacional e suporte ao desenvolvimento profissional.

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