Atualidades e psicologia
Volta às aulas: como deixar esse momento mais leve e divertido.
O fim das férias costuma trazer uma mistura de sentimentos: para alguns, a empolgação pelo reencontro com os amigos e a curiosidade pelo novo ano; para outros, um frio na barriga, inseguranças e até resistência. A ansiedade pode surgir diante do desconhecido, das mudanças ou da simples quebra de rotina e tudo isso é absolutamente normal.
Sentir essa inquietação é mais comum do que parece, e acolher esses sentimentos é o primeiro passo para tornar a volta às aulas mais leve e tranquila.
Pensando nisso, compartilho aqui algumas estratégias que podem ajudar famílias a atravessarem esse momento com mais escuta, presença e afeto.
- Retome a rotina aos poucos
Durante as férias, os horários costumam ficar mais flexíveis, dormir mais tarde, pular refeições ou se desconectar da rotina escolar é natural nesse período. Por isso, vale ir retomando os hábitos aos poucos nos dias que antecedem a volta às aulas. Estabelecer um horário mais regular para dormir, acordar e se alimentar ajuda o corpo e a mente a se prepararem para esse retorno.
Além disso, é interessante inserir, de forma leve e divertida, algumas atividades que se aproximem do ambiente escolar, mas com a intenção de brincar: desenhar, pintar, escrever o nome, fazer desafios com letras ou números, criar historinhas com os irmãos. Isso ativa a memória do cotidiano escolar sem gerar pressão e ainda pode ser um momento gostoso em família.
- Converse sobre os sentimentos
Manter o diálogo durante as férias faz toda a diferença. Perguntar como a criança ou adolescente está se sentindo em relação à escola, com leveza e curiosidade genuína, ajuda a abrir espaço para nomear e entender emoções.
É interessante envolver a criança em reflexões como:
– Quem será seu(sua) professor(a) este ano?
– Será que vai ter alguma matéria nova?
– O que será que mudou na escola?
– Com quem você está animado(a) para reencontrar?
Essas perguntas estimulam a imaginação e tornam o desconhecido um pouco mais familiar.
E lembre-se: adultos também sentem ansiedade. Falar sobre isso de maneira natural e reconhecer os próprios sentimentos diante das mudanças ajuda a construir um ambiente mais empático e seguro. Às vezes, só o fato de sermos ouvidos já alivia o coração.
- Envolva a criança no processo
Permitir que a criança ou adolescente participe das preparações, como escolher a mochila, organizar os materiais ou reler os livros, ajuda a gerar senso de autonomia e protagonismo, o que reduz a ansiedade e aumenta a confiança.
Esse momento pode se transformar em uma memória afetiva poderosa.
“Eu me lembro com muito carinho de quando minha mãe levava a gente para comprar o material escolar. Era um dos momentos mais aguardados das férias. A gente escolhia cada item com cuidado: o caderno com a capa mais bonita, o lápis de cor, o apontador. Era um dia todo nosso, cheio de expectativas boas.” – Psicóloga Ana Karolina Ferreira.
Esse tipo de vivência transforma o retorno às aulas em algo mais leve e até prazeroso.
- Normalize a ansiedade
Ansiedade é uma emoção como qualquer outra e costuma surgir diante de novidades ou mudanças. Por isso, vale lembrar à criança que sentir medo, nervosismo ou dúvida é normal e que ela não está sozinha.
Frases como “Eu também me sentia assim quando voltava às aulas” ou “Vai passar, logo você vai estar se sentindo mais segura” são formas de validar e acolher, mostrando que os sentimentos não precisam ser evitados, mas compreendidos com calma.
- Crie momentos positivos em torno da escola
É possível criar rituais e experiências que ajudem a associar o retorno às aulas a algo especial. Pode ser um café da manhã diferente no primeiro dia de aula, uma cartinha surpresa de incentivo, ou até uma “semana preparatória de fim de férias”, com momentos especiais: um passeio em família, um piquenique, uma tarde de cinema em casa ou uma atividade criativa.
Finalizar as férias com boas lembranças ajuda a deixar o coração mais tranquilo para o novo ciclo que se inicia.
Conclusão
Voltar às aulas é um recomeço. E como todo recomeço, pode ser desafiador — mas também é cheio de potencial. Com presença, escuta e pequenas atitudes, podemos transformar esse momento em algo acolhedor, tranquilo e cheio de possibilidades.
Autora: Psicóloga Ana Karolina Ferreira
CRP: 18/9118