Ser pai
Paternidade. Segundo o dicionário Michaelis, é a qualidade ou estado de pai; Qualidade de quem se cria algo. Mas pergunto… O que é, de fato, ser pai? Ser pai é simplesmente um título? É agir como o seu pai agia?
Existe figura paterna que segue um modelo cultural ainda padrão de provimento do alimento e da escola, mas que se ausenta fisicamente durante a semana por estar tempo demais no trabalho e se ausenta psicologicamente aos finais de semana por estar muito cansado… Existe pai que foi embora e não voltou, ou que parece não se importar. Pai ausente, pai distante, pai indiferente… Independente da história vivida ou aprendida por eles, estes pais perderam a oportunidade de viver algo realmente significativo: a felicidade de ser um pai presente.
Mesmo sabendo que aprendemos, durante o nosso desenvolvimento, um modelo padrão de interação com os nossos pais, não necessariamente haverá replicação deste modelo pois, com os caminhos que a sociedade tem adotado, de modo geral, muitas pessoas possibilitaram a si o desenvolvimento de formas mais funcionais de se relacionar em que o sistema acaba se mostrando mais saudável.
Hoje existe um termo muito comentado que é Paternidade Ativa. Já ouviu falar? É quando o pai (biológico, adotivo, padrasto ou pai social) se aproveita da oportunidade de convivência com os filhos e assume responsabilidades que antes nem se pensava (porque era coisa de mãe). Pai também cuida, dá banho, dá comida, leva para a escola, brinca (até de casinha e de boneca), conversa, corrige, explica… E não faz tudo isso para ajudar a mãe. Faz porque quer ser pai, de fato. Faz porque gosta. Faz por ter hoje a oportunidade de ser diferente do que aprendeu em sua infância. E o melhor de tudo é que, apesar de todas as dificuldades de se lidar com filhos, a felicidade se evidencia ao perceber o crescimento e desenvolvimento saudável da criança e em cada beijo, abraço, sorriso ou demonstração de carinho ao pai – Isto paga todo o “trabalho”.
Em resumo, de acordo com a UNICEF, em sua adaptação feita pelo Ministério da Saúde em 2018, a paternidade ativa são as ações. É o cuidado físico e emocional que se dá à criança em sua maneira única de cuidar, de olhar e de falar.
Ser pai como se deve está, portanto, muito além de um laço sanguíneo ou registro documental… É algo do domínio afetivo, da reflexão, da escolha, do envolvimento emocional… Não é apenas um rótulo. É resultado do envolvimento ativo na procura pela aceitação da mudança que a chegada de um filho representa na vida do homem. É a busca pela participação ativa no desenvolvimento e construção da criança.
Havendo tanta novidade nesta forma de “paternar”, oriento que para se ter sucesso em qualquer relação é preciso também ter sucesso ao relacionar-se bem consigo, antes de tudo. Enquanto o pai busca atuar neste modelo ativo de criação dos filhos, nada seria mais importante e significativo do que ser exemplo também de como amar a si mesmo. Além disso, estar bem consigo aumenta consideravelmente as possibilidades de relacionar-se bem com o outro.
Contudo, saliento uma frase de Sigmund Freud, que foi enfático ao dizer: “Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há de educá-lo mal.”. Espero que com este novo papel paterno, independente da etnia, classe social, orientação política, sexual ou religiosa deste pai, o amor em prática promova uma formação melhor e gere adultos melhores, mesmo que os erros sempre apareçam… A final de contas, ninguém é perfeito.
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Cartilha Para Pais – Min. Saúde:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_pais_exercer_paternidade_ativa.pdf
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Autor: Áquila Martins, pai e psicólogo.
CRP 09/10005
Profissional graduado em Psicologia pela UNIP-GO. É especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela UCDB-MS e pós-graduado em MBA em Gestão de Pessoas e Negócios pela UBMG. Há quatro anos atua com ênfase em atendimento clínico na Abordagem Sistêmica com adolescentes, adultos, casais e família (presencialmente ou em modalidade online), além de realização de avaliação psicológica, orientação e suporte ao desenvolvimento profissional.