Riscos e Prevenção ao Suicídio
Recentemente, tivemos uma ação sobre suicídio em todo o Brasil denominado setembro amarelo, visando chamar a atenção para o risco do suicídio. Fato marcante que mobilizou toda a sociedade para os riscos e também para o preconceito e resistência em se falar do assunto. Esta ação indica uma atenção mais objetiva, por se tratar de situações onde o indivíduo dificilmente busca a ajuda necessária.
Trabalhando em um Centro de Atenção Psicossocial, ouvindo pacientes de diferentes classes sociais e com as mais variadas queixas, pude identificar que muitos pacientes não tem a real intenção de cometer suicídio e sim, acabar com o sofrimento existencial e/ou chamar a atenção para si. Nestes termos uma paciente que atendi disse: “eu pensei em tomar veneno só para ver se minha família me amava de verdade, queria que minha família se preocupasse comigo, parece que ninguém percebe o meu sofrimento. ” Me parece que esta é uma fala de alguém que apenas quer acabar com o sofrimento e não acabar com a própria vida. Nesta fala da paciente a palavra suicídio, é vista como tentativa para solucionar um problema, e, na maioria das vezes acaba por passar ao ato sem levar em conta o perigo de que a ação seja consolidada, imaginando apenas ficar livre do sofrimento ou da solidão, sem pensar nas consequências do ato.
Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pesquisas recentes apontam que mortes por suicídio vem mudando de idosos, para adolescentes e jovens adultos, sendo a faixa etária entre 15 e 45 anos.
Segundo pesquisas, o suicídio é compreendido como um transtorno multidimensional, que engloba o sujeito no seu contexto biopsicossocial. Estima-se que o risco de suicídio em pessoas portadoras de transtornos mentais é maior, que em relação a pessoas com crises existências. No entanto essas pessoas que cometem suicídio morrem sem nunca terem procurado ajuda, apesar de tantos centros especializados em saúde mental. Por esta ração é tão importante ações como esta do setembro amarelo para que mais pessoas tenham acesso as informações e consequentemente busquem ajuda para enfrentar seus problemas com mais resolutividade. Estes profissionais estão preparados para identificar os fatores psicológicos predisponentes ao suicídio como: perdas de relacionamentos amorosos, amizades, parentes queridos, emprego, autonomia, conflitos familiares, autoestima baixa, traços de personalidade impulsivo e agressivo, humor deprimido, angústia, autodesvalorização, culpa, diminuição da inclinação de experimentar prazer, perda de energia, dificuldade de se concentração ou de tomada de decisões, alterações do sono, apetite, diminuição da libido, isolamento social, crises de choro sem motivo aparente, e muitos outros que quando percebido devemos ter atenção redobrada, pois, sujeitos com tais características, precisam ser acompanhados por profissionais qualificados já que o diagnóstico dos estados depressivos são primordiais para a detecção dos riscos de suicídios, inclusive pesquisas apontam que a maioria das pessoas comunicam suas intenções suicidas, direta ou indiretamente aos amigos, familiares, colegas de trabalho e pessoas que estejam dispostas a ouvi-las. Estas pessoas, sempre fazem comentários como; “quero morrer”, “não sirvo pra nada”, “o mundo seria bem melhor sem mim”, “ninguém vai sentir minha falta mesmo”, tudo isso é um pedido de ajuda velado e por trás dessas palavras podem estar a indicação do que a pessoas intenta fazer.
Devemos estar atentos para as fases e formas de suicídio, principalmente os meios utilizados, começando com um plano muito bem elaborado de como se matar”. Quando uma pessoa apresenta riscos eminentes de suicídio muitas pessoas e até profissionais não sabem como proceder e nem como ajudar. Neste caso a alternativa indicada é a internação imediata. Profissionais de saúde mental, quando confrontados com este tipo de paciente alertam que é de suma importância não ignorar ou negar o risco, até porque sempre pode ocorrer uma melhora enganosa do quadro que dá ao paciente tempo e força para passar ao ato. Reconhecer o risco e intervir de forma eficaz é uma empreitada importante para salvar vidas.
Imagem: Retirada do google imagens.
Referencias;
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VARELLA, Pilar. Ansiosa-Mente. Portugal, 3ª Ed, 2007.
PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: Um manual para médicos clínicos gerais http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/67165/7/WHO_MNH_MBD_00.1_por.pdf
PREVENÇÃO DO SUICÍDIO; Manual destinados as equipes de saúde mental http://www.cvv.org.br/downloads/manual_prevencao_suicidio_profissionais_saude.pdf