Pessoas mais velhas podem ser autistas e não saber? Entenda os sinais

Imagine viver décadas sentindo que todo mundo parece ter um manual de interações sociais que você nunca recebeu. Desde a infância, você ouviu que era “tímida”, “metódica”, “distraída” ou até “fria”, mas nada disso parecia explicar realmente como você se sente. E se, na verdade, essa sensação de ser “diferente” tivesse um nome?

Muitas pessoas passam a vida sem saber que estão no espectro autista, especialmente aquelas que cresceram em uma época onde o autismo era pouco falado. Se você já se perguntou por que interações sociais podem ser cansativas, mudanças inesperadas causam desconforto intenso ou certos sons, cheiros e toques parecem mais irritantes do que para os outros, pode ser que esteja apenas agora descobrindo algo sobre si mesma.

O autismo pode ser identificado na vida adulta?

Sim! Durante muito tempo, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi visto como algo exclusivamente infantil. Mas hoje sabemos que muitas pessoas chegam à fase adulta  e até à maturidade sem um diagnóstico, simplesmente porque os critérios antes eram mais rígidos e focados em sinais típicos em crianças.

Agora, há um olhar mais amplo e sensível para os sinais de autismo em adultos, especialmente naqueles que desenvolveram estratégias para mascarar suas dificuldades ao longo da vida.

Quais são os sinais de autismo em pessoas mais velhas?

O autismo pode se manifestar de diferentes formas, e cada pessoa tem uma experiência única. No entanto, alguns sinais comuns incluem:

🗣️ Desafios na comunicação e interação social

• Dificuldade em iniciar ou manter conversas sobre temas que não são de interesse.

• Sentir-se esgotada após interações sociais prolongadas.

• Dificuldade para entender sarcasmo, ironia ou expressões faciais.

• Preferência por interações mais estruturadas ou em pequenos grupos.

🔄 Padrões de comportamento e interesses específicos

• Forte necessidade de rotina e previsibilidade no dia a dia.

• Ansiedade ou desconforto intenso com mudanças inesperadas.

• Interesse profundo e detalhado por um ou poucos assuntos específicos.

• Sensibilidade aumentada a sons, cheiros, texturas ou luzes.

Estratégias de camuflagem ao longo da vida

É comum que pessoas mais velhas no espectro autista aprendam, sem perceber, a mascarar suas dificuldades. Isso significa imitar expressões faciais, forçar interações sociais ou seguir regras sociais rígidas para evitar julgamentos. Esse esforço constante pode ser mentalmente exaustivo.

Por que buscar um diagnóstico na maturidade?

Descobrir que está no espectro autista pode trazer um grande alívio. Afinal, não se trata de “colocar um rótulo”, mas sim de entender sua própria história com mais clareza e compaixão.

Saber que certas dificuldades não são culpa sua, mas sim parte do seu funcionamento cerebral, pode ajudar a:
✔️ Reduzir o sentimento de inadequação e culpa.
✔️ Desenvolver estratégias para lidar melhor com desafios do dia a dia.
✔️ Buscar apoio especializado para melhorar a qualidade de vida.
✔️ Construir uma rotina mais alinhada com seu bem-estar.

Se você se identificou com esses sinais ou conhece alguém que possa estar nessa situação, saiba que nunca é tarde para buscar respostas e se entender melhor. Procurar um profissional especializado pode ser um grande passo para viver de forma mais autêntica e menos desgastante.

Autoconhecimento é um ato de autocuidado. E você merece se sentir bem sendo quem é. 💙

Psicóloga: Victória Novais Barros

CRP: 09/17648