HOMOFOBIA NA ESCOLA

HOMOFOBIA NA ESCOLA

Borrilo (2015) define homofobia como uma forma de inferiorizar, desumanizar, diferenciar e distanciar o indivíduo homossexual à semelhança de outras formas de exclusão como a xenofobia, o racismo, o antissemitismo ou o sexismo. O autor ainda ressalta que o termo homofobia designa dois aspectos diferentes em torno da mesma realidade: a dimensão pessoal, de natureza afetiva sendo manifestada através da rejeição ao homossexual; e a dimensão cultural.

Junqueira (2009) ressalta que a homofobia nas escolas, pode se configurar em um ambiente de opressão, discriminação e preconceitos, que os sujeitos são cotidianamente expostos a uma imensa carga de violência. Acrescenta ainda, que a homofobia se dá nas instituições por meio de apelidos, piadas, insultos e expressões desqualificantes por parte de colegas e até de educadores, o que dificulta em muitos casos, a permanência dos sujeitos na escola.

Caceres et. al. (2011) aponta que a porcentagem de alunos LGBT que foram vítimas de bullying homofóbico é extremamente alta, no Chile (68%), na Guatemala (53%), no México (61%) e no Peru (66%). Com essa prevalência estatística elevada, pode comprometer a aprendizagem e acarretar no precoce abandono escolar.

Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2013), mostram que no Brasil, mais de 40% dos homens homossexuais dizem terem sido agredidos fisicamente enquanto estavam na escola.

O MEC (2007) tendo reconhecido a homofobia como um fenômeno discriminatório, a ser encarado pelas escolas, tem-se apoiado em cursos de capacitação de docentes sobre o tema da diversidade sexual. Entretanto, apesar das discussões sobre a homofobia, muito ainda precisa ser feito para a obtenção de resultados significativos nesse campo.

Teixeira (2011) chama a atenção sobre a responsabilidade social da psicologia, como categoria profissional, de tentar diminuir as desigualdades sociais, compreender melhor o risco e a opressão que cada gênero enfrenta na rede social, reduzir as vulnerabilidades sociais e garantir o acesso aos dispositivos de saúde e de educação a todas as pessoas, independentemente do gênero, orientação sexual ou condição psíquica.

Apesar de existir iniciativas e propostas para o combate da homofobia, contudo, a efetividade do enfrentamento desse problema passa também pela compreensão de como as práticas em psicologia têm lidado com questões relativas à homofobia, visto que ainda há muito por fazer nesse campo.

A psicologia precisa se recolocar cada vez mais e a seus profissionais no apoio aos movimentos sociais, principalmente os que se direcionam ao combate da homofobia. Sabe que a o preconceito pode gerar vários traumas psíquicos e por isso, como sendo ciência e profissão, a psicologia precisa se adentrar e aprofundar mais nos estudos e também nas formas de enfrentamento da homofobia.

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Referências bibliográficas:

BORRILO, D. Homofobia: história e crítica de um preconceito. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

CACERES, et. al. Relatório final: Estudio a través de Internet sobre “Bullying”, y sus manifestaciones homofóbicas em escuelas de Chile, Guatemala, México y Perú, y su impacto em la salud de jóvenes varones entre 18 y 24 años. Instituto de Estudios en Salud, Sexualidad y Desarrollo Humano / Universidad Peruana Cayetano Heredia encolaboración con la Organización Panamericana de la Salud. Lima, 2011.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD).  Gênero e diversidade sexual na escola: reconhecer e superar preconceitos (Cadernos SECAD, 4). Brasília, DF, 2007.

TEIXEIRA, F. F. S. Homofobia e sua relação com as práticas “psi.” Em Conselho Regional de Psicologia (CRP) 6ª Região (Org.), Psicologia e diversidade sexual (Cadernos Temáticos, 11, pp. 41-57), 2011.

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FABIANA SOUZA SILVA | Psicóloga – CRP 09/014121

Graduada pela Universidade Paulista (UNIP), atua na clínica em Psicanálise Lacaniana. Tem experiência em atendimentos na modalidade de Plantão Psicológico, e também em Grupos e Comunidades. Desenvolveu uma pesquisa científica sobre maternidade em famílias homoparentais, assim como, estudos na temática de gênero e sexualidade.

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