Eu, velho?
Já parou para observar que o velho é sempre o outro? Isso ocorre porque a imagem da velhice parece uma imagem “fora” do espelho, quando olhamos a imagem de um corpo velho, muitas vezes há uma estranheza com a imagem que temos de nós mesmos. Por isso é comum reações do tipo: “Era eu nessa foto?”, “como eu era jovem”.
O “era” demonstra um não reconhecimento: Era? Não sou mais? Ao olhar no espelho e perceber a imagem refletida, ocorre uma inquietação muito maior ao notar que esta já não é a mesma que se tem na memória. O não permanecer jovem gera descontentamento no qual não há o que se fazer.
O corpo envelhecido diferente do corpo do adulto, do adolescente e da criança por diversas vezes é ignorado, pouco olhado, não mais tocado, a não ser quando está doente, tanto pelo outro como pelo próprio idoso. Ou seja, ocasionalmente nem mesmo o idoso gosta da sua imagem. Portanto, é necessário que o idoso encontre formas de amar esse corpo, procurando atividades que possam lhe causar prazer, passando assim a cuidar da sua imagem.
O envelhecimento é um processo que acontece na temporalidade do indivíduo, do início até o final da vida, inevitável no desenvolvimento. Nesse processo encontramos perdas que evocam o desaparecimento de objetos investidos por nós; conforme o tempo cronológico vai passando, o número de perdas vai aumentando.
Alguns idosos possuem dificuldades de realizar um desligamento saudável dos investimentos e manter as relações objetais necessárias para não se submeter a um episódio depressivo. Por isto, se torna importante que o idoso construa novos laços afetivos, reafirme os vínculos familiares, realize novas atividades para recuperar a capacidade de sonhar, de criar e de reconhecer que existe uma possibilidade de futuro, por meio de projetos passíveis de serem realizados, o que determina a re-elaboração do próprio projeto de vida.
.
Autora:
ANA PAULA CURADO DA PAZ SANTOS | Psicóloga – CRP 09/10452
Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás -UFG, nas modalidades bacharel e licenciatura. Especializando em Psicanálise Clinica – “O sujeito e suas formas de subjetivação” pelo Instituto Nacional de Cursos (INCURSOS). Experiência como psicóloga clínica no Centro de Psicologia da UFG, em atendimentos psicológicos na área da saúde com atividades no programa de Mastologia do Hospital das Clinicas de Goiás -HC. Desempenhou pesquisas e trabalhos pela UFG com grupos voltados ao publico da terceira idade. Atuou na área de licenciatura em psicologia com adolescentes e possui experiência em Psicologia Organizacional.