Como eu não li isso?

Como eu não li isso?

Acredito que em algum momento da sua vida, você já se fez essa pergunta, principalmente após pegar o resultado de uma prova que você tenha estudado muito para se sair bem e simplesmente erra uma questão por não ter “enxergado” a questão de fato como ela é.

Bem, por várias vezes passei por isso, era assustador, quanto mais eu estudava para as provas que eu fosse concorrer a algo, menos resultado eu conseguia. E me lembro de uma prova que realmente eu fiquei impressionada, pois eu amava a matéria e a dominava. Estava no 6° período de psicologia, a matéria era de Processos Cognitivos e estudei incansavelmente por três motivos:

  • Porque era uma matéria e assunto que me interessava muito;
  • Porque queria provar pra mim mesma, que eu havia aprendido aquela matéria
  • E porque era muito importante pra mim, mostrar pra professora que eu havia aprendido (porque a prova era um meio de “teste” para entrar em um grupo de pesquisa no qual ela coordenava)

Como eu já citei acima, eu estudei muito para essa prova, então a nota foi excelente certo?

ERRADO!

Eu simplesmente não conseguia entender as perguntas, era assustador, as palavras pareciam não ter conexão, quanto mais eu lia as questões, mais eu ficava confusa,  soava frio, e acreditem ou não, me deu um desespero tão grande, que eu simplesmente disparei a chorar na sala de aula, e precisei entregar a prova, com duas questões sem responder e as que respondi, não fazia a idéia de qual seria a resposta correta.

Você já deve imaginar o quão mal eu fiquei né?! Eu fui pra casa nesse dia desolada, me sentindo a pior pessoa do mundo, e eu só pensava uma coisa:

O QUE ACONTECEU?  PORQUE EU NÃO CONSEGUI? EU ESTUDEI TANTO…

Quando peguei a prova na outra semana, li as questões novamente e eu simplesmente sabia TODAS as questões, eu fiquei ainda mais confusa, o porque isso tinha acontecido, não fazia o menor sentido.

O semestre acabou, e fui para o 7° período e tive a matéria que eu tinha certeza que teria êxito, foi aí que defini qual área de atuação quero seguir, matéria que mais amo – Neuropsicologia. Da mesma forma, estudei muito, praticamente pelos mesmos motivos da matéria de Processos Cognitivos. E dessa vez, além de estudar pra eu me sair bem nas provas, como eu tinha muita facilidade, passei a ser monitora da minha turma, ou seja, eu ensinava algumas pessoas a matéria. Mas, novamente o pesadelo se repetia, no dia da prova de N1(primeira prova do semestre), as perguntas não faziam nenhum sentido, eu simplesmente não conseguia entender nada. Dessa vez, fiquei chateada comigo mesmo, porque não era possível, como eu poderia ser tão “sonsa”, eu sabia tudo aquilo, mas porque não conseguia entender as perguntas e muito menos responder?

Mesmo tendo me saído mal na primeira prova, eu continuei estudando, continuei sendo monitora, e dessa vez o grupo aumentou e passamos a nos encontrar todas as semanas por 2 horas antes da aula, e estudávamos intensamente a matéria e eu simplesmente sabia toda a matéria. Quando foi chegando próximo o dia da prova, comecei a ficar ansiosa, sentia medo de me sair mal novamente, já não conseguia dormir direito, a mão soava frio só de pensar na prova, mas na noite anterior a prova, infelizmente meu vô, veio a falecer e esqueci essa prova, e já tinha definido que não faria a prova, até porque no dia seguinte que era a prova, passaria o dia todo no enterro.

No dia da prova avisei a  professora, que não faria a prova, que não conseguiria e ela falou algo que me marcou, não sabia ela que era o que eu precisava ouvir naquele momento:

“Miriã, eu entendo o que está passando, sei que está triste e que está cansada, mas hoje é o dia que você tem pra mostrar pra você mesmo que seu esforço valeu a pena. Hoje é dia de conquista da corrida que você começou no inicio do semestre. Você é capaz, você lutou por isso, venha provar pra você mesmo que você consegue. EU ACREDITO EM VOCÊ.”

Ao chegar em casa as 18:00 lembrei do que ela havia me dito e decidi ir fazer a prova. Cheguei na faculdade ainda abalada, recebi vários abraços dos meus colegas, palavras de conforto, mas permaneci sem conseguir falar com ninguém e minha professora mais uma vez, chegou perto de mim, deu um sorriso e disse: “Que bom que veio, fica tranqüila, vai dar tudo certo, você consegue.”

E assim, começou a prova. Resultado?

Acertei 95% da prova. Eu simplesmente SABIA TODAS as respostas. Só errei uma, pois na hora de marcar no gabarito, confundi. Foi como se tirasse um fardo das costas, me senti uma vitoriosa, eu consegui o resultado que tanto lutei por ele.

Agora, vamos para as análises que fiz após esse episódio.

  • Foi de extrema importância, o apoio e reforço da minha professora, pois era nítido que eu realmente sabia a matéria, porém a ansiedade que me dava na hora da prova, me atrapalhava de mais, eu simplesmente ficava bloqueada e não conseguia responder. E as palavras dela com toda certeza, reduziu essa ansiedade, e me tranqüilizou para conseguir responder todas as questões e me sair muito bem.
  1. Nem preciso dizer o quanto sou grata a essa professora neh?! rs
  • E a segunda análise só fui capaz de fazer hoje – 22/11/2016 mais de um ano após o episódio da matéria de Processos Cognitivos. E foi lendo um livro incrível que estou lendo:

O CÉREBRO – Um Guia Para Usuários do Dr. John J. Ratey

O capítulo 2 desse livro, fala sobre PERCEPÇÃO. E pra ser exata na página 76 desse livro, li algo que agora sim, faz todo o sentido do que aconteceu comigo tanto na matéria de Processos Cognitivos quanto na de Neuropsicologia:

“Se a descargas neurônicas aleatórias são rápidas e furiosas demais, é possível que os estímulos que chegam não consigam ativar e reunir os neurônios numa conduta adequadamente sincronizada. Isso, por sua vez, poderia resultar no processamento incorreto de um estímulo e, por conseguinte, a descarga dos neurônios seria defeituosa ou nula. É o que ocorre quando PESSOAS ALTAMENTE ANSIOSAS SE SUBMETEM A TESTES. O recrudescimento da ansiedade ELEVA o nível de ruído mental, tanto assim que essas pessoas podem LITERALMENTE ver Menos de seu meio ambiente, como se o espaço cerebral usualmente aberto à percepção estivesse todo ocupado pelo ruído interno. Elas olham para uma pergunta do teste e LITERALMENTE NÃO VÊEM certas palavras, o que as leva a interpretá-las mal e a dar a resposta errada. São até capazes de não ver perguntas inteiras na página. Seus cérebros estão a tal ponto ocupados em lidar com o ruído que os canais visuais no cérebro não estão abertos para uma percepção acurada.”  (RATEY, 2002).

Acho que já podem imaginar a conclusão que tirei do porque eu simplesmente não conseguia entender as perguntas, mesmo tendo estudado tanto e realmente saber o conteúdo. A ansiedade se tornava minha pior inimiga na hora da prova.

Bem, dois conselhos te dou, se isso acontece ou já aconteceu com você.

O primeiro, é que se você estudou, e se essa prova é realmente muito importante pra você, sempre que bater a ansiedade, pare por alguns segundos, feche teus olhos, respire de maneira em que você consiga perceber o ar entrando e saindo dos seus pulmões, e diga pra você mesma (o) EU CONSIGO, EU ESTUDEI PRA ISSO E SEI A MATÉRIA, É SÓ UMA PROVA, EU SEI AS RESPOSTAS. Claro, isso não é uma regra, mas é uma maneira que eu Miriã encontrei de relaxar e tirar aquela tensão que tanto me atrapalhava nas provas. Amenizando essa pressão no seu cérebro, a percepção será mais clara, e seus resultados serão obtidos de melhor forma.

E o segundo conselho é, NUNCA DESISTA ou se sinta MENOR OU INCAPAZ, quando algo que você se propor a fazer não sair como você planejou. Não ganhar a medalha de ouro na primeira tentativa não o faz incapaz, desistir no primeiro obstáculo sim. Seja você mesmo o seu maior incentivador. Acredite em você mesmo, pode ter certeza, os reconhecimentos e as conquistas virão como conseqüência dos teus eforços

BIBLIOGRAFIA

RATEY, John J. O Cérebro Um Guia Para Usuário. Objetiva. p 76, 2002

Autora:

Miriã Nune Campos Vieira – Estudante no 9° período do Centro Universitário Alves Faria

Apaixonada por pesquisa, leitura e escrita. Construindo minha formação para me tornar uma excelente neuropsicologa e em breve professora acadêmica. Estou desenvolvendo um grupo intitulado – Estimulando Sinápse juntamente com uma colega da mesma faculdade. Tenho um canal no youtube (UNIVERSITANDO)  onde serão publicados os vídeos do Estimulando Sinápse, no qual a pretensão é ajudar alunos a entenderem de forma leve e tranqüila a neurociência.

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