Autismo e tratamento pelo ABA

Autismo e tratamento pelo ABA

Dia 2 de abril é o dia da conscientização mundial do autismo. O autismo é classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento segundo o DSM 5 que é um manual diagnóstico, ou seja quem possui o autismo tem um desenvolvimento atípico, que ocorre de forma diferente de quem possui o desenvolvimento típico.

Neste texto pretendo falar um pouco sobre o autismo e também sobre um dos modelos de tratamento que é o ABA (sigla derivada do inglês, Applied Behavior Analysis, que no português é Análise do Comportamento Aplicada). Embora seja de alta incidência na população a presença do transtorno ainda há muita disseminação de preconceitos e estereótipos tanto sobre o transtorno quanto sobre o tratamento, portanto desejo que esse texto possa trazer alguns esclarecimentos.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) a estimativa é de que 70 milhões de pessoas tenham autismo (ONU, 2015). Dados obtidos pelo Centers for Disease Control Prevention (CDC), a cada 68 crianças 1 delas é acometida pelo transtorno e a predominância dos casos é maior em homens (CDC, 2012).

Ainda não há um consenso sobre a causa e não há cura, mas há o tratamento que visa à melhoria da qualidade de vida da pessoa que possui o autismo e também de sua família. A pessoa que possui o autismo tem dificuldades em três principais áreas durante seu desenvolvimento: a área da interação social, linguagem e também possui alguns comportamentos inadequados. O diagnóstico deve ser realizado o quanto antes possível para que seja iniciado o tratamento, e possam ser obtidos resultados mais eficazes. O tratamento é realizado por uma equipe multidisciplinar e um dos profissionais é o psicólogo. (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012; WHITMAN, 2015)

O tratamento pelo ABA consiste principalmente em desenvolver novos comportamentos, que sejam mais funcionais e reduzir os comportamentos inadequados. (RIBEIRO, 2010)

De maneira geral a elaboração do programa de intervenção e execução, possui quatro etapas principais: avaliar o repertório comportamental, estabelecer quais metas iniciais a serem atingidas, fazer a elaboração do programa de intervenção, quais procedimentos e de que forma serão realizados. Também, após a intervenção é importante que reavaliações sejam realizadas em determinados períodos de tempo. (RIBEIRO; MARTONE, 2015).

 É importante ressaltar que, embora quem possui o transtorno tenha mais dificuldades em seu desenvolvimento, é uma pessoa que possui a capacidade de desenvolver-se assim como qualquer um, e a pessoa é muito mais do que o transtorno que possui, quem o possui não deve ser limitada ou rotulada por ele e sim respeitada e ajudada em seu desenvolvimento para que possa aprimorar suas capacidades.

Ser e ter são definições bem diferentes. Ao dizer que se é está definindo e afirmando que é algo estável presente em sua vida, algo que não vai mudar e que te define dessa forma. Ao dizer que se tem algo é não se definir por aquilo que se tem, é dizer que você possui uma característica, e que você é muito mais do que essa característica que possui.

 Portanto, quem possui o autismo possui uma característica que é um transtorno que traz algumas dificuldades em seu desenvolvimento. Mas ele é um ser capaz de se desenvolver como qualquer outro. O respeito para com o próximo cabe em qualquer lugar a qualquer momento e é muito importante que se respeite também quem possui o autismo. Todos nós temos a capacidade de nos desenvolver, e todos nós possuímos dificuldades na vida. Cada pessoa é um ser único no mundo.

Referências:

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Autism Spectrum Disorder (ASD). 2012. Disponível em: <http://www.cdc.gov/ncbddd/autism/data.html>.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Especialistas da ONU em direitos humanos pedem fim da discriminação contra pessoas com autismo. 2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/especialistas-em-direitos-humanos-da-onu-pedem-fim-da-discriminacao-contra-pessoas-com-autismo/>.

RIBEIRO. S. ABA: uma intervenção comportamental eficaz em casos de autismo. Revista Autismo. N. 0. Ano 1. Set. 2010.

RIBEIRO. T. C; MARTONE. M. C. C. Transtorno do Espectro Autista: Da Avaliação à Intervenção. Reabilitação Neuropsicológica e Intervenções Comportamentais. Rio de janeiro: Roca, 2015.

SILVA, A.B.B; GAIATO, M.B.; REVELES, L.T. Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

WHITMAN, T.L. O Desenvolvimento do Autismo: Social, Cognitivo, Linguístico, Sensório-Motor e Perspectivas Biológicas.São Paulo: M. Books, 2015.

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