Viver a morte: pacientes frente à finitude da vida
Diante de uma doença potencialmente fatal, o sujeito se vê frente a frente com a morte. Morte…
Morte, condição de finitude, tão temida, pouco falada.
Morte, sinônimo de aniquilamento, ausência, perda, desamparo, separação…
Um território desconhecido, imprevisível, inexplorado, nunca antes vivido.
A morte, ora chega subitamente, ora lentamente. Preparados ou não, ela chegará.
Quando chega em forma de doença, o paciente logo é rotulado como “paciente terminal”. Uma forma estereotipada de se referir a pacientes com prognóstico reservado de que não há mais o que fazer.
Será que não há mesmo o que fazer???
Mesmo com a impossibilidade de reestabelecimento da saúde física do paciente e o caminhar previsível e inevitável para a morte, novos rumos podem ser tomados para que esse caminho seja trilhado de maneira menos aversiva e dolorosa possível.
Não há como poupá-lo(a) da própria morte. Mas, sim há o que fazer!!!
Uma variedade de condutas podem ser realizadas com os pacientes e seus familiares. Condutas que possam aliviar a dor, diminuir o desconforto, e acima de tudo, possibilitar que a pessoa se situe frente a esse momento de finitude, acompanhada por alguém que possa ouvi-la, acalentá-la e alimentar seus desejos.
É fundamental, quando possível, que a autonomia, as escolhas da pessoa sejam reconhecidas e respeitadas, dando a ela um lugar ativo em um momento permeado de muitos limites. Limites que muitas vezes abandonam e isolam o paciente, e não o oportunizam morrer de forma digna, protagonizando sua vida e sua história
A terminalidade pode ser vivenciada em algumas horas, dias, semanas, meses ou anos. Ela é uma condição e não um tempo. Uma condição de que mesmo com a mais alta tecnologia e os medicamentos mais modernos, a morte é inevitável.
A morte faz parte da vida, e vale a pena vive-la.
Conscientizar-se e aceitar a morte pode tornar o processo mais humano, ir além do biológico, das máquinas e medicamentos.
Conscientizar-se e aceitar a finitude pode mudar a forma de ver a vida, a morte e o mundo.
“Mas sabendo que mesmo
se estivesse morrendo,
até morrer de verdade,
eu ainda estava vivo.”
(Paul Kalanithi)