Qual o valor da sua vida?
Em meio à lógica cultural da busca pela vida prazerosa, dos padrões de consumo, dos estereótipos de felicidade que proclamam modelos existenciais de sucesso, tudo que destoa dos pressupostos da realização pessoal tende a trazer sofrimento. Vivemos em tempos da tecnologia, dos bens não tão duráveis, dos relacionamentos apressados e instantâneos, na era em que o dinheiro tem aparentemente uma função de relevância social-existencial e não apenas de troca por serviços/produtos, e então, nós nos mercadorificamos… Mas como assim?!
Não é incomum ouvirmos: “está ao avesso! O que tem valor hoje não é o que você é e sim o que você tem!”, poderíamos aprofundar nessa reflexão de diversas maneiras, mas a proposta aqui é pensarmos em como respondemos a esse “avesso”.
Talvez não seja novidade que estamos em “tempos de crise”, mas, caros leitores, será que se limita à crise política e socioeconômica? Quais as outras possíveis crises que temos vivenciado? A pressão para lidar com as necessidades e com o desejo do consumo/reconhecimento social comparece, e o problema que vemos reduzido à “falta de dinheiro” está escamoteando outras faltas, e daí novamente – o sofrimento.
Certa vez escutei – “o dinheiro pode não trazer felicidade, mas dá garantia de uma vida confortável!”, fiquei me perguntando qual seria essa garantia, já que a tal da vida tem lá seus imprevistos. No meu percurso como analista em hospitais pude perceber isso: o dinheiro não evita o adoecimento e nem dá garantia aos enfermos que estão internados sem previsão de alta e com prognóstico reservado.
Enfim, gostaria de chamar a atenção para a falta de tempo, a pressa e para o dinheiro, três pontos recorrentes que aparecem em reclamações e em justificativas que retroalimentam um discurso de auto sabotagem – “não tenho tempo para mim, para fazer o que gosto”, “tenho pressa para resolver tudo logo, me fale o que fazer!”, “não tenho dinheiro, chega ao fim do mês e não sei onde ele foi parar!”. A auto sabotagem a qual me refiro é querer se dar importância, mas não se dar ouvidos, ou seja, não se escutar. Você se permite parar para se expressar?
Da avalanche de afazeres destaco a importância de uma pausa, da possibilidade de se aventurar na experiência analítica, a qual permite um espaço para você saber do seu desejo, dar expressão aos seus sentimentos e sofrimento, se autorizar a perceber qual é a sua lógica, o que te constitui, qual o seu valor, e quem sabe encontrar caminhos que em outro momento você não via como possibilidade. Para tal, deixo o convite para que conheçam o nosso trabalho na Rede Goiana de Psicologia.
Imagem: retirada do google imagens