Desmistificando o “setting” terapêutico

Desmistificando o “setting” terapêutico

Quem aqui nunca escutou a frase: “Ir para terapia por que? Não estou precisando. ” O que é estar precisando? Quando uma pessoa precisa ir para a psicoterapia? Como identificar isso?

Para saber quando é ou não necessário é preciso, primeiro, entender o que é psicoterapia e o que acontece dentro desse processo. Só podemos falar se precisamos de algo ou não quando sabemos do que se trata, não é mesmo?

 Primeira coisa, a nível de esclarecimento: terapia e psicoterapia são as mesmas coisas? Sim e não. A diferença é que a palavra terapia se refere tanto as práticas psíquicas quanto engloba a esfera corporal e espiritual, com o objetivo de harmonizar a saúde do indivíduo, como por exemplo a acupuntura, o ReiKi, florais e a cromoterapia. Já a psicoterapia, refere-se à utilização exclusiva dos saberes da Psicologia e da Psicopatologia na clínica psicológica, sendo conhecida também por Psicologia Clínica.

Ao contrário do que muitos pensam, psicólogo é para todos e não para doidos (não existe “gente doida”. Existem pessoas mais ou menos funcionais, psicologicamente falando). É para pessoas que buscam o mínimo de saúde mental possível, que desejam lidar com suas dificuldades e sofrimentos de forma saudável, seja elas existenciais, transtornos mentais, psicossomáticos, conflitos interpessoais ou intrapessoais, e por aí vai, os motivos são inúmeros.

Com a proposta de cuidar, retirar ou transformar sintomas do universo emocional e proporcionar crescimento e desenvolvimento da personalidade, por volta do século XIX, surgiram as psicoterapias no Ocidente. A forma de atuação varia de acordo com as escolas filosóficas, às compreensões epistemológicas e às teorias e aos métodos que se aplica nas intervenções (PERES, SIMAO, NASELLO, 2007), algumas destas são: Gestalt-Terapia, Sistêmica, Cognitivo-Comportamental, Analítica, Humanista-fenomenológica e Psicanálise.

Independente da abordagem, a psicoterapia oferece um espaço adequado para o crescimento e amadurecimento pessoal, criando assim uma intimidade consigo mesmo, e estabelecendo diálogos construtivos e criativos para lidar com as diversas ocasiões que a vida oferece.

Outras vantagens que ela pode proporcionar é o aperfeiçoamento da capacidade de auto-observação, autorreflexão; se livrar dos padrões estereotipados e elaborar novas narrativas de si, novas maneiras de compreender e conduzir a própria vida; aperfeiçoar capacidades interpessoais como a empatia – habilidade de conseguir se colocar no lugar do outro – e habilidade de comunicação e segurança para resolução de conflitos; fortalecimento psicológico, ampliando a capacidade de tolerar e crescer com os obstáculos que a vida apresenta; favorece a saúde integral, física e psicológica e busca um sentido existencial para continuar crescendo e caminhando na vida (SCARPATO, s.a).

 Percebe assim, que a psicologia clínica ocupa, cada vez mais, um lugar primordial na área da saúde, por estabelecer uma visão integrada do ser humano, sendo ele psíquico, orgânico, social e espiritual, atuando de forma conjunta para produção da existência humana, bem como de seus equilíbrios e desequilíbrios.  Tanto que hoje, segundo o mesmo autor, já não é mais possível falar de doenças orgânicas sem considerar as esferas psicológicas e emocionais, ficando claro a existência da psicossomática na natureza do indivíduo.

As pesquisas demonstram que a bagagem de vida, atuam diretamente na ativação genética, assim como nas alterações estruturais que acontecem no cérebro. Ficando descabido diferenciar doenças mentais e orgânicas.

A psicoterapia vem alcançando resultados cada vez maiores e mais significativos. De maneira geral, o período de tratamento varia de acordo com os objetivos desejados e a intensidade do problema. Hoje em dia, há casos mais focais, com objetivos específicos, em que a psicoterapia alcança resultados positivos em um tempo de 6 a 12 meses; e os casos mais profundos que o trabalho se finaliza com resultados satisfatórios em um tempo inferior a 3 anos.

Os casos que necessitam de um trabalho psicoterapêutico mais longo, normalmente com contextos mais sérios, em que envolve, por exemplo, traumas e desorganização psicológica, podem demandar mais tempo, requerendo anos de um trabalho contínuo, resultando em mudanças benéficas expressivas.

Percebe se então, que a psicoterapia tem o propósito de voltar-se para o cliente, a fim de intensificar suas capacidades, desenvolvendo parâmetros colaborativos, que se baseia na relação e enfatiza o encontro ativo entre o cliente e a ajuda a fim de mobilizar suas capacidades intrínsecas e ir de encontro aos seus resultados. Nunca esquecendo que os resultados são efetivos de acordo com a aceitação e adesão do cliente ao trabalho psicoterapêutico e a confiança depositada em seu psicoterapeuta.

Referências

PERES, Julio Fernando Prieto; SIMAO, Manoel José Pereira; NASELLO, Antonia Gladys. Espiritualidade, religiosidade e psicoterapia. Rev. psiquiatr. clín.,  São Paulo ,  v. 34, supl. 1, p. 136-145,    2007 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832007000700017&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: abril/ 2017.

SCARPATO, Arthur. Uma Introdução à Psicoterapia. Disponível em: http://psicoterapia.psc.br/mais/psicoterapia/introducao-psicoterapia/. Acesso em: abril/2017

 

 

Assine nossa
newsletter