O que é psicologia transpessoal?
A Transpessoal é uma escola do pensamento (abordagem em Psicologia) que estuda os aspectos transpessoais, autotranscedentes e espirituais da experiência humana, além de ser uma abordagem transdiciplinar, ou seja, que estuda o ser humano em sua totalidade, abrangendo as contribuições de outros enfoques científicos tais como a: medicina, antropologia, sociologia, física, química, biologia e metafísica; reconhecendo o potencial da vivência de uma ampla gama de estados da consciência.
Influenciada pelo budismo, fundamenta-se nos conteúdos místicos e iniciáticos que sempre tiveram por objetivo o despertar da consciência e a iluminação espiritual. No entanto, não se filia a nenhuma concepção religiosa específica.
Surge em 1968, nos EUA como desdobramento do humanismo e evolução do pensamento da psicanálise e comportamentalismo que tende a direcionar direta ou indiretamente para o reconhecimento, a aceitação e a percepção dos “estados únicos”. Como dito anteriormente, estuda o ser humano em sua totalidade, fazendo com que a visão de mundo desta abordagem seja a de um todo integrado em harmonia, onde a cada momento são tecidas redes de inter-relações entre todos os sistemas.
Tem como objetivo o estudo da consciência, de seus estados não ordinários e as possibilidades psíquicas do ser em diferentes estados ou graus pelos quais o indivíduo passa; e neste sentido congrega vários recursos técnicos que serão vistos mais à frente. Além disso, tem seu foco principal na consciência, especialmente a autorreflexiva, a qual vê como essência, contexto ou base do ser humano.
Na terapia com foco nessa abordagem, o terapeuta deverá trabalhar com todos os aspectos do cliente, conduzindo-o para uma valorização de suas potencialidades positivas. Claro que inclui-se técnicas como sonhos e símbolos e metas tradicionais como alívio de sintomas e mudança de comportamento. Entretanto, não se restringe a elas.
Recursos técnicos como sonhos, meditação, símbolos e a terapia da quaternidade são muito usados em sua metodologia psicoterápica, cada uma com sua especificidade que direciona ao objetivo desejado. Nos sonhos, por exemplo, Jung afirma que foi necessário uma compreensão do inconsciente coletivo e dos arquétipos e que fora essa compreensão que permitira expandir a significação dos sonhos do pessoal para o transpessoal. Através disso, notou-se a existência de eventos psi oníricos como a telepatia, a clarividência e a precognição, por exemplo. Fora isso, há o “sonho lúcido” experiência em que o ego onírico sabe que está sonhando e tem certo controle sobre o conteúdo do sonho. O interessante, é que a Psicologia Transpessoal se propõe a acrescentar novos esclarecimentos ao problema dos sonhos.
Já a meditação, – não recomendada para pacientes psicóticos, senis ou com cérebro danificado – apresenta-se como bastante benéfica para neuróticos e proporciona um treinamento de “atenção plena” na qual o indivíduo, durante a meditação, foca-se na observação da própria respiração, identifica as interrupções e prossegue com auto-observação. Assim, ela pode tanto identificar seus processos mentais quanto exercer graus crescentes de controle sobre eles mesmo que sejam desconhecidos e estejam descontrolados. Este recurso, tem o propósito de fortalecer a estrutura da personalidade total, atenuar sintomas e produzir alterações na maneira de ser e se relacionar com o mundo.
Quanto aos símbolos, são aplicados exercícios transpessoais como técnicas de visualização e/ou fantasias que podem ser aplicadas em grupo ou individualmente. Já a terapia da quaternidade, tem como objetivo, reeducar a criança emocional interior do indivíduo para que seu programa negativo, cresça e una-se ao seu espiritual e intelectual.Temos também a técnica de hiperventilação; método que pode sim ser usado com objetivos terapêuticos. Onde aplica-se um controle sobre a respiração para produzir modificações na consciência proporcionando um estado ampliado de natureza espiritual, geralmente de visões e de sentimentos de amor. A partir da hiperventilação, aos poucos, tensões e repressões são totalmente liberadas.
Cada escola da Psicologia, psicoterapia ou cada religião tem como referência de enfoques um determinado nível de consciência. São complementares, e cada uma delas apresenta um enfoque do ser humano mais ou menos correto e válido quando associado com o seu nível. Assim, busca-se a integração de conhecimentos, não apenas das escolas psicológicas convencionais, mas também das principais abordagens da consciência das culturas ocidental e oriental. Cada uma das abordagens parece ser mais ou menos apropriada para resolver problemas de um determinado nível. E é importante ressaltar que quando cita-se “religião” voltamo-nos à espiritualidade não encontrando-se restrita a uma linguagem dogmática e especificamente religiosa.