Procura-se um amor que queira amar
O que nos leva ao encantamento? O que precisamos para nos envolver? O que procuramos num relacionamento?
São essas perguntas que devem nortear nossos pensamentos e definir o que buscamos antes mesmo da entrega, só assim conseguiremos estabelecer uma dinâmica de um relacionamento amoroso pleno.
O que percebemos cada vez mais é que as relações são construídas no autoritarismo, na dependência, ou na carência, em toda forma de controle seja ela explícita ou implícita, parece que se deve “morrer ou enlouquecer de amor”.
A grande questão é que quando se fala em amor ele vem vinculado a sacrifício, a um gostar intenso e doloroso, quando se procura uma relação ela é acompanhada ao que se pode obter em troca, ao que preciso suprir através do outro, o que pode alimentar uma falta que com certeza uma relação não resolve.
A grande maioria consegue perceber mesmo que sutilmente que falta é essa que preciso no outro, há casos conscientes em que a pessoa admite que fez a escolha baseado, por exemplo, numa companhia que era mais dependente, então por alguma insegurança a pessoa precisa de alguém aparentemente mais frágil, outras vezes numa relação, alguém precisa diminuir o outro para manter sua própria autoestima e minar a do companheiro.
Há momentos em que as coisas estão nebulosas, algo nos incomoda, ou alguma repetição de padrão acontece e aí repentinamente já está instalado um relacionamento abusivo. É importante avaliar e refletir sobre a situação e o atendimento psicológico pode contribuir no autoconhecimento, no bem-estar e na resolução dos conflitos.
Mas então o que se esperar de um relacionamento? O que se esperar de um amor?
Nós não precisamos de um relacionamento pra suprir uma falta que aprisiona, ou fazer uma barganha do nosso sentimento, deveríamos por puramente livre escolha optar (com pleonasmo mesmo) estar ao lado e compartilhar os momentos.
Deveríamos esperar que o outro desse a liberdade para sermos exatamente quem somos, nos defeitos e qualidades, sem jogos, sem gêneros, sem demandar planos mirabolantes para se obter coisas, sem transformar o outro em objeto, sem a ilusão que não haverá problemas ou discussões desde que respeitando as diferenças.
Em suma, uma relação deve ser construída na liberdade do amor, liberdade de ser e não precisar/aprisionar o outro, ser deliciosamente desnecessário e por amor estar ao lado, a liberdade de apresentar os próprios atributos, verdadeiros e sinceros sem outro objetivo que não seja o de ser admirado e amado pelo que realmente se é, pois só através de atos prazerosos que o amor serve apenas para se amar.
E nesse caso é importante ressaltar o que se procura, e a verdade é que só precisamos de um amor que queira amar.