Aos mestres, com carinho

Aos mestres, com carinho
 
“O ensino de psicologia no Brasil é
medíocre”, ou pelo menos é essa a conclusão proposta em uma pesquisa conduzida
em 2003. Mesmo que levianamente, isso já possa ser inferido do desempenho 50%
que se exige dos estudantes em boa parte das instituições, e esse último tópico
não se restringe a formação em psicologia, é generalizável à toda a educação.
Não há coesão quanto às soluções propostas
para o ensino (esse mais específico do que a educação), que vão desde aumentos
nos salários ao uso de projetores e portas de vidro. Essas saídas não melhoram
o ensino pois são negligentes quanto ao método.
Me adianto em dizer que o salário de
professores e não-professores no Brasil é comparativamente baixo, está a frente
de poucos países nas américas. O professor deve ser valorizado pelo papel
social que exerce, mas há controvérsia quanto aos resultados de estudos
correlacionais entre a qualidade do ensino e o salário de professores. Se há
correlação não necessariamente há causa e, mesmo que admita-se alguma, não
sabemos se os melhores professores são mais bem pagos, ou se melhoram a medida
que seus salários crescem. Nosso problema vai além disso, é metodológico.
Os psicólogos, como dito anteriormente, não
são exceção à regra ingrata que descreve nossa educação. Isso não seria um
problema se os psicólogos não tivessem se debruçado sobre o processo chamado
“aprender”, se não “ensinassem como ensinar” e, principalmente, se não fossem
geralmente tomados como responsáveis pela mudança do comportamento humano. Em
contexto educacional institucionalizado temos falhado, por isso gosto da
expressão usada pelo professor Dr. Márcio Borges: “Em casa de ferreiro, espeto
de pau”.
Embora sejam comumente tomados como variável
independente, psicólogos, professores, e professores de psicologia, não são
agentes iniciadores de sua própria conduta, sendo assim não convém procurar
culpados. Aliás, não percam tempo, pois grupos ou indivíduos, cada um carrega
suas contingencias.
Os organismos aprendem através do contato com
o meio ambiente, mas nem por isso são vitimas do processo. Muitos dos produtos
de nossas ações podem, posteriormente, alterar a probabilidade de que façamos
isso ou aquilo. Por isso programamos despertadores para o dia seguinte, por
isso fazemos listas antes de irmos ao supermercado, e por isso os professores
planejam seus cursos. Um comportamento que produz esse tipo de alteração é o chamado
comportamento de “medir”, que produz uma “medida”, e essa medida ira nos dizer
de que forma proceder. E a educação com isso?.
Pesquisadores tem medido através ensaios
comparativos os efeitos de variáveis sobre o “aprender” e desenvolvido alguma
tecnologia na área (e.g., as pesquisas sobre Prescision Teaching e sobre o Personalized
System of Instruction
). Existem alternativas (não únicas, nem
necessariamente as melhores) a esse método de ensino chamado “tradicional”, e as
medidas têm nos mostrado que elas podem ser um caminho para melhorarmos a
educação formal. Mas ainda assim, as instituições e mesmo os professores que
detém alguma autonomia na preparação de seus cursos, tem optado mais comumente
por um método de ensino baseado em “giz e cuspe”.
É justo que se diga, talvez muitos
professores não conheçam essas alternativas e consequentemente não estejam
preparados para conduzir suas aulas de forma diferente do que tem feito. A
esses, uma busca rápida na internet com os termos que coloquei acima já é um
primeiro passo interessante.
Outra possibilidade é que talvez não tenhamos
exercido o devido contra controle. Os estudantes devem ser um auditório
exigente. Em uma escola as condições para que o aprender ocorra devem estar
dispostas, e o s estudantes são corresponsáveis. Isso significa posicionar-se
frente a condições inadequadas, muitas vezes uma conversa informal com aquele
professor que passa a aula lendo seus próprios slides pode ajudar, se não, as
instituições em geral dispõe de meios para esse feedback.
Se as contingencias para educandos e
educadores não mudarem, tampouco a educação muda.
           
           
Referências
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of Applied Behavior Analysis
, 30(4), 693-696.
 
Imagem extraída do Google Imagens 
 
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Sobre o autor
João Lucas Bernardy, é Bacharel em Psicologia pela Pontifícia Universidade
Católica de Goiás. Durante a graduação participou dos projetos de pesquisa
“Operantes”; e “Operantes: estudos empíricos e experimentais” ambos sob
orientação do professor Dr. Lorismario Ernesto Simonassi. Durante seu trabalho
de conclusão de curso (não publicado) conduziu um estudo comparativo entre o
método de ensino tradicional e o método de ensino personalizado em uma
disciplina obrigatória para a formação em Psicologia.

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